Um parto sem despedida, uma chegada suave e esperada – Nascimento de Sophia

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Parto Humanizado? Parto natural? Parto normal? Doula?

Quando começamos essa experiência de curtir nossa Sophia, pesamos muito sobre esse aspecto, de como ela viria ao mundo e como poderíamos receber ela em nossas vidas. Iniciamos essa preparação através de muito estudo, carinho e com muito auxílio de uma doula.

Aqui vai meu relato sobre uma experiência indescritível de amor, cumplicidade, união e carinho. Espero que sirva de inspiração para meus amigos que estão pensando em ter um filho e a todos que tem dúvidas sobre o parto.

Eram 17h de 7 de Dezembro de 2013, 39 semanas e 1 dia de espera, amor e ansiedade. – A bolsa estourou! A Sabrina veio me dizer. Lembrei-la das palavras do médico, que diziam: Calma, o tampão vai sair e você vai sentir um pouco d’água escorrer por suas pernas quando a bolsa estiver rompida, mas o que você deve prestar atenção são as contrações, que irão começar a intensificar, de forma ritmada e a dor vai aumentar aos poucos, até atingir níveis bem fortes…

Havíamos conhecido ele na sexta feira dia 6, estávamos até então bem auxiliados, porém nossa doutora não poderia estar presente nos próximos 6 dias, pois acompanhava seu marido em uma cirurgia, sendo assim, ela deixou seu anjo o Doutor Alcântara.

…iniciava assim nossa experiência de parto… Estávamos em casa e a minha única preocupação era manter a calma, a minha e a da Sabrina. Por volta de 22h, a mamãe começou a sentir dores, e tais dores foram intensificando com o passar do tempo. As 23h45 virei para ela e falei:

– Vamos para o hospital?

Momentos antes eu havia ligado para o Doutor para dizer que essa seria a noite, além de saber onde ele estaria e deixa-lo a par da situação. Com uma voz bem calma, ele me disse que estava de plantão no Hospital da Unimed, Bauru-SP. Isso nos tranquilizou, pois ele estaria lá, assim que precisássemos.

A resposta da Sabrina à minha pergunta foi enfática. – Sim! Rs

Fechei a casa, peguei todas as malinhas e partimos para o Hospital. Fui bem devagar, pois na minha cabeça, ela não teria o parto naquele momento, tudo ainda duraria certo tempo e assim que chegássemos ao hospital, a única coisa que ela pensaria, seria na dor. Liguei baixinho o som do carro demorei o dobro do tempo pra chegar ao hospital. Ao chegar lá, fomos recebidos normalmente. Uma enfermeira, Juliana, se prontificou a grudar em nós e ser nossa guardiã, logo que falamos que nossa opção de parto era o mais humanizado possível, dentro de um hospital. Ela sorriu e gentilmente nos acomodou em uma sala. Havia uma enfermeira, que parecia a dona do lugar, meio estúpida e com certo ar de arrogância, repetia as minhas palavras com desdém. Fica aqui minha crítica, linda por fora, sem conteúdo por dentro. Logo passei a ignorar seus comentários e me focar mais ainda na Sabrina e no meu papel nisso tudo. Lembrei também que tínhamos a Juliana nos acompanhando…

Logo fomos recebidos pelo doutor, com cara de sono (Ele estava tirando uma soneca quando chegamos… rs) e seu jeito bonzinho, passou mais tranquilidade e segurança para nós. Conversamos, e examinou a Sá e disse que ela estava com 2 cm de dilatação, e que a cada hora ela dilataria 1 cm em média.

Falou-nos das vantagens de voltar pra casa e retornar apenas após 2h ou 3h para que ela não focasse tanto na dor. Em casa estaríamos no aconchego do lar, mais distraídos e menos focados na dor. Concordei com a ideia, mas logo a Sabrina disse que queria ficar por lá mesmo, pois já estávamos lá, e que ela não queria ter que fazer ficha na entrada novamente do hospital, com dor. Relutante um pouco, ela levantou e foi seguindo na direção do médico para pedir a internação, cheguei primeiro e dando uma de espertinho disse para o médico que estávamos indo para casa e voltaríamos em duas horas. Ela ainda focada na dor, nem percebeu que eu a conduzia para a saída, quando estávamos saindo do hospital ela indagou:

– Onde vamos? Para casa e voltamos em 2 horas. Respondi prontamente.

Entramos no carro, mas desta vez coloquei-a no banco de trás, para que ela tivesse mais espaço para se mexer. Voltamos bem lentamente para casa. Na minha cabeça só passava uma coisa, fazer tudo devagar, com calma até o momento em que estivéssemos de volta para o parto.

Entramos em casa, liguei o som perto da piscina com as musicas que ouvimos quando estávamos namorando, próximos à piscina, comecei a limpar a piscina e fui conversando com ela que andava de um lado para o outro, e a cada minuto reclamava de dor, e eu dizia para ela pensar nas perninhas gordinhas da Sophs, no sorriso dela do ultrassom, pedia para ela cantar as musicas e pensar nessas coisas. Dado um determinado momento ela começou a ter dores mais fortes e frequentes. Olhei no relógio e já eram 3h10, tinha conseguido enrolar ela por quase 3h. Partimos novamente para o hospital e como da outra vez, tudo bem devagar embora ela já sentisse uma dor enorme.

Chegamos e fomos atendidos novamente pela mesma atenciosa Juliana, que desta vez nos conduziu para o quarto onde estaríamos internados. Uma bola de pilates foi oferecida e um banho morno-quente também… Entrei com ela no banheiro e comecei a massagear as costas dela, ela estava sentada, pelada sobre a bola, e me molhava com o chuveiro em suas mãos… A Sá alagou o banheiro todo, sangrava um pouco e já pedia loucamente por uma anestesia… Eu olhava para a Juliana e fazia com a cabeça que não. Ela fez de tudo para que a Sabrina não se incomodasse com nada e dizia sempre a quão guerreira ela era, que estava chegando perto o momento e que ela suportaria aquela dor. Meu pensamento era um só… Se ela aguentou agora mesmo essa dor incrivelmente forte – eu conseguia vê-la mordendo a tudo que chegasse perto, apertava a mão de todos, os dedos dos pés viravam e ela se contorcia todo a cada contração – e eu sentia que ela aguentaria a próxima também, e assim por diante.

Mais 40 minutos de banho e já somávamos mais de 11 horas desde a bolsa se romper, quase 6 horas de dor quando ela foi encaminhada para a sala obstétrica. Seguimos pelos corredores do hospital e foi oferecida uma cadeira de rodas para ela, que recusou. Andávamos devagar eu segurando ela de um lado e a enfermeira Juliana do outro, havia um enfermeiro que a cada minuto lembrava-nos que ela tinha que ser mais rápida, que o médico e todos estavam esperando, e a Juliana olha para ele e dizia que a Sabrina iria à hora dela. Chegamos à sala cirúrgica, me vesti com a roupa do hospital e separaram a gente por cerca de 40 minutos… Embora a minha insistência fosse absurda de que eu queria estar presente o tempo todo… Eu era lembrado que eram normas do hospital e que se eu continuasse não poderia ver o parto. Pedi para falar com o médico e bati na porta algumas vezes. Fui colocado para dentro da sala de parto – levei meu celular desligado no bolso, embora as regras do hospital proibissem fotos e filmagem, onde apenas uma empresa especializada poderia fazer a filmagem, sob pena de eu ser expulso da sala – não contestei a nada, mas queria estar presente o tempo todo, não me senti a vontade tendo sido separado dela naquele momento.

Dentro da sala estava uma enfermeira bem atenciosa, não era mais a Juliana, que voltou para dentro do hospital, e esta primeira estava segurando a mão da Sabrina, o anestesista que foi uma pessoa incrível durante o parto, vale a pena ressaltar que ele ficou ao nosso lado, sempre falando de forma amorosa e delicada conosco, o médico que dizia que a Sá estava com dilatação de 6 cm naquele momento (por volta de 5h30 da manhã) e mais 3 enfermeiras que olhavam o parto apenas, além do mesmo enfermeiro que havia vetado minha presença por cerca de 40 minutos… Fui informado assim que entrei na sala que ela havia implorado pela cessaria e olhei para ela. Ela estava calma e com dor, olhei para todos e minha sensação foi de que se eu não tivesse insistido, se o anestesista e o médico não fossem da equipe que tínhamos escolhido e não tivessem a mesma mentalidade de parto humanizado, não teríamos conseguido.

Ela estava com pouca anestesia peridural apenas para cortar o pico da dor. Isso já havia sido acordado com a equipe do anestesista, que ele apenas daria o suficiente para cortar a dor aguda dos últimos momentos.

Voltei para minha função ao lado da minha esposa, ele me perguntou por que eu demorei tanto para vir. Sorri para ela e nada disse… Entrei no lugar da enfermeira que segura a mão dela. Comecei a ajudar ela na respiração e na hora de fazer força… Ela estava exausta tremia bastante… Aquele momento de dor e contrações se estendia e a dilatação já era de 8 cm.

O anestesista e o médico falam de forma calma e amorosa conosco e nos tranquilizavam… Eu continuava a focar na Sophia e falava pra ela pensar nas dobrinhas da Sophs… A hora passava a Sá fazia força e a dor era forte. As contrações desciam a Sophia aos poucos, Era 6h40 e o médico perguntou se queríamos finalizar o parto, ele me mostrou que a cabeça da Sophia mostrava os cabelinhos… Estava difícil de ela sair. Ela tinha estacionado ali, a Sabrina tinha pouca força já… Morria de sede e não comia nada desde 20h.

O médico usou o fórceps, o anestesista injetou um pouquinho mais de anestesia e a Sabrina começou a empurrar firmemente durante as contrações, eu tomei conta da barriga dela, coloquei as mãos sobre a barriga e fazia apenas menção de empurrar, mas não o fazia, porque percebi que o enfermeiro estava pressionando a barriga dela, então tomei conta das minhas princesas, rs.

Manhã cedo… 7h10, e a Sophia saiu inteira, roxinha, e logo recuperando a cor. O pediatra a pegou e começou a limpar gentilmente o seu rosto, mostrando ela para mim, o médico me chamou para cortar o cordão, cortei! Peguei a Sophs no colo, mostramos para a mamãe, colocamos a Sophia ainda peladinha sobre os seios da Sabrina… Elas se olharam… O alívio imediato da dor… A emoção tomou conta de todos no ambiente, era troca de turno no hospital e os enfermeiros ainda estavam ali… Algumas se emocionaram e todos parabenizaram uns aos outros e a todos nós. Foi uma emoção imensa e que acometeu a todos…

Acompanhei o pediatra que é uma pessoa incrível, coincidentemente a equipe que selecionamos estava de plantão no dia. Jaime é o nome do pediatra, Boliviano. Um amor incrível por criança e por seu trabalho, assim como o doutor Alcântara.

Fomos assistidos por uma equipe que valorizou cada emoção e momento nosso como único. Fomos respeitados e queridos. A chegada da Sophia foi motivo de comemoração e comoção da equipe toda.

Esse dia, aqueles momentos, todo o processo do parto e momentos que o antecederam… tudo tinha seu momento especial e foi curtido, respeitado e prestigiado.

Para quem vai participar dessa emoção da vida, deixo meu humilde recado… não faça cesárea desnecessária, curta cada momento e cada dor, verão que vale cada instante de sofrimento e união. Aos meninos, acompanhem suas amadas, sem frescuras!!! Sejam homens! Rs Amem, e ajudem, e vocês verão que esse momento será marcante em suas vidas.

Agradeço a todos envolvidos no dia mais emocionante da minha vida, cada um teve sua função e serão lembrados e exaltados em nossos corações.

08/12/2013. – Pai da Sophia

 

 

 

 

 

Um comentário sobre “Um parto sem despedida, uma chegada suave e esperada – Nascimento de Sophia

  1. Paula Tatemoto disse:

    Nossa, muito obrigada pelo relato. Estou na 39a. Semana, meu médico é o Dr. Alcântara e o pediatra que vai recepcionar meu bebê é o Dr. Jaime! Parabéns pela força e coragem!

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